quarta-feira, 9 de maio de 2007

'A vida é um sopro' conta os desejos, sonhos e obras de Niemeyer

por: Pedro dos Anjos

Simplicidade. Essa característica tão marcante da obra de Oscar Niemeyer é o fundamento de Fabiano Maciel na realização do excelente 'A vida é um sopro', documentário sobre a vida, e a obra, do arquiteto de quase 100 anos de idade, completa em dezembro, e com mais de 60 deles dedicados à carreira que o tornou um dos nomes mais respeitados da arquitetura mundial.

Os morros, as praias e as mulheres do Rio de Janeiro são a origem do traço puro e cheio de curvas que faz o trabalho de Oscar Niemeyer tão reconhecido. E é desta mesma forma suave e sinuosa que 'A vida é um sopro' mostra a biografia do arquiteto. Sem engrandecimento exacerbado, sem tom de exaltação, sem culto nem mistificação, Oscar Niemeyer se mostra (e é mostrado) como é realmente: um homem com muita história para contar. 'Eu tive uma vida como a de qualquer outra pessoa, e a vida passa como um sopro.(...) Se me perguntam o que eu acho do meu trabalho ser reconhecido no futuro, penso que quem reconhecer daqui a todo esse tempo vai morrer também, então a pergunta passa a não fazer o menor sentido'.

'A vida é um sopro' tem narrativa em primeiríssima pessoa, é o próprio Niemeyer quem narra os acontecimentos da sua vida, em ordem cronológica e com rara simpatia. A lendária dificuldade de acesso ao arquiteto desaparece conforme as histórias vão sendo contadas entre tragadas da cigarrilha companheira e rabiscos despretensiosos na prancheta. Também desaparece, na edição primorosa, a figura do entrevistador. A conversa direta entre o arquiteto e o espectador se funde perfeitamente com os depoimentos de amigos e admiradores como o poeta Ferreira Gullar, os escritores Carlos Heitor Cony, Eduardo Galeano e José Saramago.

Imagens atuais de prédios e monumentos projetados por Niemeyer, assim como imagens antigas das construções e inaugurações dos mesmos, servem como ilustração, mas sem qualquer pedantismo didático. Soam tão naturais quanto os palavrões ditos pelo arquiteto, tão naturais quanto ao fato dele ter se casado pela segunda vez no ano passado, tão naturais quanto à lucidez de um homem que, à beira de completar um século de consistência e coerência inabaláveis, continua em plena atividade, desenhando de forma livre como se ainda fosse o menino que desenhava com o dedo no ar. 'A vida é um sopro' mostra simplesmente que, na verdade, ele ainda é.

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4 Comentários:

Blogger 8o JN 1/2007 disse...

Pedro,
reveja a pontuação do primeiro parágrafo. É preciso muito cuidado com o próprio texto.
Geane

9 de maio de 2007 às 12:55  
Blogger Duda disse...

pedro, concordo com a simplicidade como característica da obra, do documentário e do texto crítico.

10 de maio de 2007 às 05:33  
Anonymous Anônimo disse...

hm... muitos adjetivos. "primeiríssima pessoa" pesa a interferência opinativa do autor na interpretação do texto

10 de maio de 2007 às 05:43  
Anonymous Anônimo disse...

Achei que o filme, pelo contrario, cultua muito a figura do arquiteto.

10 de maio de 2007 às 06:08  

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