terça-feira, 8 de maio de 2007

Cartola : Música Para os Olhos

por: Marcelo de Campos Zicker

Realizar cinebiografias tem sido prática comum no mercado cinematográfico atual.No rastro de sucessos como Vinícius, chegam às telas filmes que se propõe a trespassar a carreira de figuras de relevância cultural histórica. Ás vésperas de completar 100 anos de nascimento de Angenor de Oliveira, o Cartola, ganha uma cinebiografia de estrutura pouco linear e pouco cronológica.

A história do artista, nascido em 1908, começa nas décadas de 1920 e 30.É aí que funda a Mangueira, escola de samba com quem teve uma relação de amor e ódio, e começa a vender suas composições para grandes nomes da música na época, como Carmem Miranda, além de cultivar amizades com Villa Lobos e Noel Rosa.De infância pobre e de pouca instrução, o músico é o símbolo de uma simplicidade quase inocente da vida no morro carioca, escassa na atual contemporaneidade.Carregado de um lirismo não aprendido na escola, onde Cartola nunca freqüentou, compôs uma série das grandes pérolas do velho samba ao violão( muitas delas aparecem em performances raríssimas no filme), viu sua estrela brilhar tarde demais e, ainda assim, não trocava sua pacata rotina por badalação nenhuma.

A dupla de diretores Lírio Ferreira e Hilton Lacerda produziram um documento confuso, que abusa de cenas de arquivo(algumas em péssima qualidade) e uma aleatoriedade de imagens na montagem do filme, que não contribuem para um bom entendimento da trajetória do artista pelos leigos no assunto.Outro fato negativo se encontra estigmatização de Angenor como um exemplo de “malandro” carioca, e de que isso foi preponderante nas temáticas de composições do mesmo.

A necessidade factual que o documentário se propõe a passar se compromete pela forte carga lírica da obra, com alguns aspectos da vida de Cartola analisados superficialmente ou ignorados pela montagem final( a origem do apelido e a sua relação com a Mangueira). Apesar disso, o filme tem seus méritos.Um deles reside na raridade e preciosidade de certos materiais, como cenas de arquivo inéditas que foram restauradas, musicais e depoimentos recuperados , com imagens de Madama Satã, Donga, Pixinguinha e Elza Soares.

Apesar de não se firmar como uma biografia definitiva sobre o artista, o filme detém o mérito de exaltar a obra de um artista de suma importância para a música popular brasileira que , mesmo limitado pela pouca educação, contribuiu enormemente para enriquece-la.

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1 Comentários:

Blogger 8o JN 1/2007 disse...

Acho muito importante prestar mais atenção à concordância e evitar contar a história de Cartola (melhor dizer como o filme a reconstrói). Se pretende citar uma tendência de cinebiografias, deve citar mais alguns, além de Vinícius.
Geane

9 de maio de 2007 às 13:00  

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