Coragem para inovar
Mesclando fatos com ficção, os diretores Lírio Ferreira e Hilton Lacerda de “Cartola –Música para os Olhos” redescobrem não somente a vida do compositor como a história de uma das mais tradicionais escolas de samba do Rio de Janeiro, a Estação Primeira de Mangueira. Cartola afirma, em uma das entrevistas, que não só fez parte da fundação da escola como foi ele quem escolheu as cores e o nome.
Para conseguir contextualizar as histórias que são narradas durante o longa, os diretores se utilizam de recursos ficcionais para resgatar os momentos vividos pelo compositor. Chama atenção no filme a utilização de uma criança, que ilustra o músico quando mais novo. Além da utilização de longas que marcaram a época, como Terra em Transe de Glauber Rocha e filmes de Oscarito e Grande Otelo que mostram de maneira irreverente a vida dos sambistas da época.
O documentário se destaca na coragem dos diretores ao inovar na utilização alguns recursos. Quando, no começo do filme, um microfone é colocado em um esqueleto e o primeiro capítulo de Memórias Póstumas de Brás Cubas de Machado de Assis é lido em off, fica a nítida sensação de que quem nos fala é o próprio Cartola além túmulo, gerando um desconforto no espectador e beirando assim, o mau gosto. Quando no filme os entrevistados abordam a questão do alcoolismo de Cartola, a tela fica em preto, sem nenhuma imagem, por pelo menos 3 minutos, o que causa reações de estranheza por parte da platéia. Além da opção do diretor por começar e finalizar o filme com imagens do enterro do músico, enfatizando e colocando como razão do documentário a morte e não a vida de Cartola.
Marcadores: Crítica Cartola
1 Comentários:
Não fica suficientemente claro onde e como os diretores inovam e como o filme mistura realidade e ficção - questão apresentada no ´abre´ da crítica, portanto, de grande importância em sua percepção.
Geane
Postar um comentário
Assinar Postar comentários [Atom]
<< Página inicial