Por um sopro
Há oito meses de completar 100 anos, lúcido, com insinuações boêmias e palavriado irônico-humorístico, a vida de Oscar Niemeyer é um sopro. Assim, leve. Quase que artetonicamente planejada. E foi a simplicidade desse traço que deu o recado-homenagem de Fabiano Maciel, realizador do documentário sobre a obra de um dos arquitetos mais relevantes no contexto mundial.
Abordando quase um século de vida, o filme conseguiu reunir nomes também relevantes, que endossam a diferença no trato profissional do arquiteto que o diferencia. Na coletânea há registros de falas, ótimas falas, de Chico Buarque, Ferreira Gullar, José Saramago, Eric Hobsbaw, com um olhar especial ao depoimento de Eduardo Galeano, que define Niemeyer como alguém que odeia o capitalismo e a linha reta.
E isso que ele gosta, curvas, se converge no que mais dá a ele prazer: a mulher. Cena final do documentário, nos quase 90 minutos, os momentos de redundância e de talvez uso inadequado de algumas imagens, deixa de ser relevante pela quebra, mais uma vez, daquilo que poderia ser reto, comum. Simples, de novo, há uma ruptura que parece até tirar um entrevistador que nem aparece e dá ao documentário um gosto de surpreendente; mesmo que Niemeyer tenha sido nas filmagens o mesmo desbocado, boêmio e inteligente.
O filme deixou de lado o aspecto puramente pessoal, reafirmando o porquê de adjetivar o objeto sujeito em questão como um revolucionário da Arquitetura Moderna, pela sua exploração ao concreto e visão sobre o papel social de uma geração que urgentemente deve repensar o Brasil.
Curvas, mulheres, ideologia, política, impacto. Homenagem por homenagem, até nos faz lembrar um outro mestre, Vinícius de Moraes que, se tivesse vivo, poetizaria os pontos curvilíneos do filme e fecharia com a boemia de ser simples, porque grandes construções podem vir de um sopro.
Marcadores: Crítica Niemeyer
2 Comentários:
Oi Bárbara,
sugiro economizar adjetivos.
Geane
pandão, gostei muito do lead! =)
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