A História do Samba em Verde e Rosa
A história de Cartola, um dos compositores mais importantes da música brasileira e também um dos expoentes mais nobres do samba é contada no documentário “Cartola – Música para os olhos” (veja o trailer dirigido por Lírio Ferreira e Hilton Lacerda. Filmado com recursos digitais, o documentário conta, por meio de imagens de arquivo e depoimentos, a vida do sambista.
Os principais momentos da vida de Angenor de Oliveira estão no filme: a fundação da escola de samba Mangueira em 1928 com seu parceiro Carlos Cachaça; o êxito do compositor de músicas gravadas por ídolos do rádio como Francisco Alves e Carmem Miranda nos anos 30; o sumiço da vida pública nos anos 40 e 50, depois de perder a mulher e sair da Mangueira; o episódio de sua redescoberta pelo jornalista Sérgio Porto, que encontrou Cartola como lavador de carros em 1956; a criação do mítico bar Zicartola nos anos 60, onde a bossa nova foi apresentada ao samba, em um casamento fundamental para o futuro da MPB; a gravação de seu primeiro disco aos 66 anos de idade e a consagração no final da vida, com o sucesso de clássicos como “As rosas não falam”, “O mundo é um moinho” e “Alvorada”.
Veja Cartola cantando “Alvorada” em um programa de TV de 1974
"Cartola" é simples e, ao mesmo tempo, sofisticado e poético. É um filme que consegue se aproximar bem de seu principal objeto: o compositor e sambista que, sem ser letrado, fez canções e versos que continuam fazendo sucesso e sendo lembrados, até hoje. Cartola, um artista do subúrbio carioca, consegue com sua obra fazer uma ponte cultural entre o morro e a zona sul.
O documentário mistura realidade e ficção e não trata apenas da vida e obra do compositor, mas também de outros grandes nomes como Nélson Sargento e Carlos Cachaça, e mostra como era o samba, a Mangueira e o Rio de Janeiro daquela época. As imagens de arquivos resgatam longas-metragens, reportagens e entrevistas nas quais o sambista e o samba são os focos. Além disso, pessoas que conviveram com Cartola e outras que fazem parte do cotidiano da comunidade da Mangueira, além de críticos, de historiadores, de cantores, de músicos e de compositores também aparecem contando casos e tentando explicar o fenômeno Cartola.
Hilton Lacerda e Lírio Ferreira conseguiram fazer um filme que fala com vários públicos. Uma pessoa com conhecimento de cinema terá uma percepção, alguém mais interessado em história conseguirá ver a história do Brasil contada ali. Mas, o público em geral sairá do cinema sabendo um pouco mais sobre o samba e sobre um ícone da música brasileira. Para quem ama Cartola há atrativos absolutos nas imagens do próprio, nas músicas sempre emocionantes, em algumas histórias folclóricas.
Marcadores: Crítica Cartola
1 Comentários:
Em que medida o documentário mistura documentário e ficção? Gostei do ´ritmo´ de sua crítica!
Geane
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